Animais humanizados
Ivana Maria França de Negri
Os filmes da série “O Planeta dos Macacos” foram estrondoso sucesso entre os anos sessenta e setenta. A saga teve início com uma nave aterrizando num planeta onde símios inteligentes comandavam e os humanos eram meros escravos mudos e explorados por eles. Pois agora a ficção ficou muito próxima de se tornar realidade.
Pesquisadores têm transplantado células humanas em macacos de grande porte como gorilas, chimpanzés e orangotangos. Receosa dos resultados advindos desses experimentos, a Academia de Ciências Médicas do Reino Unido pede ao governo que estipule regras para as pesquisas genéticas. Pretendem impor limites a essas atividades temendo que com a introdução de células cerebrais humanas em primatas, eles comecem a desenvolver atividades cognitivas como a linguagem e a consciência.
Ao implantar DNA humano em animais, os cientistas, que não demonstram intenção de cessar esses experimentos, entram num campo muito polêmico, ligado a questões éticas e delicadas.
Fico imaginando a tremenda revolução que isso poderia causar à humanidade...
E se outros animais, além dos macacos, também pudessem expressar em palavras o que sentem? As pessoas continuariam a comer a carne de um ser que pensa e fala? Que pede clemência na hora do abate?
No primeiro filme da série “O Planeta dos Macacos”, o comandante Taylor, interpretado por Charlton Heston, ferido na garganta e impossibilitado de falar, é preso numa gaiola para que a cientista Zira realize experiências com seu cérebro. Ela desconfia que os habitantes do seu planeta sejam descendentes dos humanos mudos, mas um outro cientista, doutor Zaius, não crê nessa hipótese. O final do filme surpreende todo mundo.
Esse tipo de fantasia sempre povoou o imaginário dos escritores. Como na história do “Médico e o Monstro”, que narra o feito do estudante de ciências médicas, Victor Frankenstein, obcecado por criar vida artificial em seu laboratório. Ele roubava órgãos de cadáveres em cemitérios e acabou furtando da faculdade de medicina um cérebro que pertenceu a um criminoso. A criatura inventada por ele torna-se um monstro que precisa ser contido numa masmorra para ser controlado. Um dia a criatura foge e mata várias pessoas até o confronto final com seu criador. Não me lembro se a criatura acaba matando o criador ou este sua criatura. Só sei que essa história macabra serve para mostrar que não se deve brincar de ser Deus.
Muitas vezes a mídia oferece como notícia, matérias pagas que servem para interesses de alguns. Mas é preciso ir se acostumando com essas ideias para não ficarmos tão assombrados quando a ficção virar realidade. Por enquanto são só notícias esparsas e especulações, talvez propaganda da próxima atração hollywoodiana.
E a raça humana anda tão violenta, cometendo tantos atos de brutalidade e selvageria, que fico a pensar quem seriam os humanos e quem seriam os animais em certas situações...
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